quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Capitulo XIV


O dia já havia amanhecido quando Rachel despertou. Ao olhar para o lado percebeu que Amanda já não estava mais nada cama. A menina, no entanto, recolheu, vestiu suas roupas e em seguida foi até a sala do pequeno apartamento. Na porta da sala havia um bilhete com os seguintes dizeres.
Eu quero te tocar
Você quer me tocar também
Esse é um crime perfeito.
Rachel sorria enquanto lia o bilhete, antes de sair à menina o guardou no bolso. Ela não sabia se veria Amanda outra vez, afinal, não era a primeira vez que ela tinha uma noite fantástica com uma garota bonita e desconhecida. Logo, o sorriso de Rachel se esvaiu. Seus pensamentos estavam em Mischa. O sexo e o álcool havia sido bom, mas não o suficiente para apagar Mischa de suas lembranças. A menina controlou suas lágrimas e seguiu seu caminho. A noite havia sido fria, mas a manhã estava quente e agradável, portanto, havia mais pessoas pelas ruas e a praça em que Rachel visitara no dia anterior estava cheia de pessoas sorridentes comemorando a chegada do verão. Rachel desejou que a nova estação aquecesse não apenas a sua pele, mas o seu coração.
Rachel voltara para o apartamento de Blair já que todas as suas coisas estavam lá. Logo, Rachel voltaria para a Dinamarca e deixaria de vez tudo para trás. Quando chegou ao apartamento bateu na porta e ficou a esperar por Blair, que não demorou.
- Bom dia. – disse a menina enquanto abria a porta e segurava uma caneca de café na outra mão.
- Bom dia. – Rachel sorriu irônica.
Blair ignorou a presença de Rachel e continuou a tomar o seu café na cozinha enquanto lia uma revista de moda. Rachel se sentou no sofá e ficou a fita-la. Ela usava pantufas e tinha os cabelos presos em um coque. Estava fofa.
- Não vai me perguntar como foram as coisas? – perguntou Rachel após alguns minutos em silencio.
- Levando em consideração o fato de você estar cheirando a álcool e cigarro, acho que as coisas não foram tão boas, mas se eu considerar o fato de você ter dormido fora e ter um sorriso no canto dos lábios, talvez não tenha sido tão ruim. – a menina sorriu após proferir tais palavras e voltou sua atenção para a revista.
- Pode ao menos me ouvir sem decifrar tudo sobre mim pelo menos uma vez na vida? – Rachel se debruçou no balcão frente a Blair.
- Sim. – Blair riu e deixou um pouco de café cair em sua coxa, mas não se importou.
Rachel se sentou no balcão e contou como havia sido desde o momento em que entrara na casa de Mischa até quando bateu a porta da casa da garota. Blair a ouvia com uma expressão intacta no rosto. Não estava surpresa, não estava feliz, não estava triste, apenas ouvia a menina. Rachel após finalizar a história tinha lágrimas nos cantos dos olhos.
- E então foi isso. – Rachel esfregou os olhos e passou a mão pelos cabelos.
- Eu sinto muito por isso. – Blair finalmente a fitava. – Mas acredito que isso não seja totalmente verdade.
- Como assim? – Rachel a encarava. Seus olhos azuis brilhavam feito o mar no final da tarde.
- Eu via como ela te olhava, e mais do que isso, eu vi como ela me olhava. – Blair segurou Rachel pelo queixo. – Não desista tão fácil. Ela é só uma garotinha confusa e você é um tornado. – Blair sorriu.
- O que eu devo fazer? – Rachel fitou-a nos olhos. Seu coração batia lentamente e um sentimento de calma e tranquilidade lhe invadia ao fitar aqueles olhos azuis.
- Quer mesmo pedir conselhos sobre relacionamentos para mim? – Blair sorriu. Seu sorriso era lindo, havia sido desenhado por algum anjo no céu.
- Tem razão. – Rachel riu. – Às vezes me esqueço de que você é minha ex-namorada e que também já partiu o meu coração.
- Não seja melodramática. Há dias atrás você estava me odiando por ter aparecido na sua vida, e agora está aqui na minha frente sorrindo. – Blair passou a mão pelo rosto da menina. – Eu senti tanto a sua falta.
- Você está me deixando confusa. – Rachel a fitou com os olhos.
- Rachel não me olhe assim, você está apaixonada pela Mischa e eu não quero ser seu estepe. – a menina se levantou e sorriu ironicamente. – Eu tenho a minha sensualidade e dignidade ainda.
Rachel viu a menina ir para a sala e ficou a sorrir. Era estranho como ela se sentia bem ao lado de Blair. Aquele lugar, aquele verão que se iniciava, tudo estava em perfeita sintonia com o sorriso dela. Era como se o destino estivesse brincando outra vez. Era como se ela estivesse se sentindo segura ao lado de Blair, era como se ela estivesse se sentindo viva outra vez. Era como se nada tivesse acontecido nos últimos anos.
- O que vai fazer hoje? Procurar a Mischa outra vez? – perguntou Blair pintando as unhas do pé no sofá da sala quebrando o longo transe de Rachel.
- Hã? Acho que não tenho o que fazer lá. – Rachel fitou o chão e mordeu os lábios.
- Vem aqui. – chamou Blair com um olhar preocupado.
Rachel se sentou ao lado da menina e essa a puxou para um abraço. Logo, Rachel estava deitada no colo da menina e essa fazia carinho em seus cabelos. Blair tinha um sorriso sereno no rosto e Rachel fitava o teto.
- Blair...- chamou Rachel.
- Não diga nada. – a menina respondeu com a voz suave e serena.
Blair continuou a acariciar os cabelos de Rachel até que a menina adormeceu em seus braços. A garota deslizou sua mão pelo rosto da menina e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Não havia palavras que pudessem explicar todo o sentimento que Blair tinha por aquela garota. Ela jogara tudo pela janela para ver Rachel ser feliz. Ela aceitara levar a culpa por toda a sua vida. Ela aceitara ser o lado ruim da história. Ela aceitara a solidão e a dor, apenas para ver Rachel sorrir. Porém, ela não podia negar que era bom tê-la em seus braços, mesmo que não houvesse futuro ou planos.
Após alguns minutos Blair se levantou calmamente para não despertar Rachel. A menina foi para o banheiro tomar banho e enquanto se despia sentiu seu nariz sangrar. A expressão no rosto da menina era de irritação, como se já não suportasse mais isso. Sem perder tempo, Blair se enrolou na toalha e foi até a cozinha pegar um de seus remédios. Rachel se remexeu no sofá, o que fez Blair prender a respiração por um segundo e voltar rapidamente para o banheiro. Enquanto tomava banho à menina via o sangue escorrer, porém, não se surpreendia. Após o sangramento cessar Blair saiu do banho.
- Vai sair? – perguntou Rachel quando viu Blair passar pela sala com os cabelos molhados.
- No meu mundo as pessoas não tomam banho apenas quando vão sair. – Blair riu. – Aliás, você precisa de um banho, o cheiro de álcool em você está me dando enjoos.
- Está grávida é? – perguntou Rachel se sentando no sofá e sorrindo.
- Com toda certeza! – Blair respondeu fitando e jogando lhe uma almofada no rosto.
- Vá tomar banho, vamos almoçar fora! – Blair disse enquanto secava os cabelos. – Tenho que comprar umas coisas na cidade e respirar um ar que não seja poluído por álcool e nicotina. – a menina riu ironicamente.
- Eu não demoro. – Rachel revirou os olhos e foi tomar seu banho.
Após quinze minutos Rachel havia terminado seu banho e vestia um short preto com uma regata que tinha a bandeira da Irlanda estampada. Após se olhar no espelho Rachel se lembrou que estava vestindo roupas que comprara quando viajara para esquecer Blair e agora estava com as roupas e Blair. A vida é mesmo irônica.
- Vamos? – perguntou Blair que vestia um vestido de tecido leve na cor verde.
- Claro! – Rachel sorriu ao ver que a menina estava linda. – Aonde vamos?
- Lembra-se daquele restaurante que fomos quando estivemos aqui? Que você disse que nunca mais comeria em outro lugar para não esquecer o sabor da comida? – Blair ria enquanto trancava a porta.
Rachel riu e ficou eufórica ao se lembrar do quão fantástica a comida era. A menina conseguia se lembrar de tudo que havia comido naquele dia. As meninas desceram as escadas sorridentes e com um sentimento de nostalgia eufórico. Como o restaurante era próximo dali, ambas foram caminhando e conversando como se nenhum dia houvesse passado desde aquela primavera. Quando chegaram ao restaurante, logo se sentaram em uma mesa que estava na sob a calçada. O dia estava quente e ensolarado. Havia felicidade nas ruas. Rachel e Blair partilhavam do mesmo sentimento. Após alguns minutos analisando o cardápio, as duas garotas decidiram dividir uma salada de verão, com peixe ao molho de alcaparras e batatas cozidas. Elas já haviam feito isso em um outro dia ensolarado. Enquanto esperavam pelo prato as meninas conversavam sobre besteiras e Blair não conseguia controlar suas risadas.
- Eu adoro o jeito como você sorri. – Rachel a fitou.
- Você sempre me fará sorrir. – Blair sorriu.

Havia um clima entre os olhares entrelaçados de ambas, porém, este foi quebrado pelo garçom que começara a servir os pratos. Logo, as garotas começaram a se deliciar com a comida e com o vinho branco que Blair havia pedido. Blair ria de alguma besteira proferida por Rachel quando seu sorriso se esvaiu. Problemas estavam a caminho.
- Que bela cena. – disse Mischa ao se aproximar das suas garotas. A menina estava caminhando pela cidade a procura de um apartamento para morar, já que não queria mais ficar sobre o teto da avó.
- Mischa? – Rachel se assustou ao ouvir a voz da garota. – O que faz aqui?
- Não deveria ser eu a fazer essa pergunta, Rachel? – Mischa a fitava com decepção nos olhos. – E eu que estava me sentindo um monstro por todas as coisas que fui obrigada a dizer para você, enquanto você está aqui com sua ex-namorada, se é que não reataram, tomando vinho, comendo e rindo como se não houvesse amanhã.
- Não entenda de forma errada. É uma longa história. – Rachel mordia os lábios de nervosismo.
- Você tem razão. É uma longa história o que você tem com essa garota, e aparentemente, ela não vai parar de ser escrita não é mesmo? – Mischa tinha algumas lágrimas nos olhos.
- Mischa, se acalme. Não é nada do que você está pensando. Nós só saímos para almoçar, não há nada demais nisso. – Rachel fitou a menina.
Mischa fitou Rachel e seus olhos estavam furiosos. Porém, a menina percebeu algo que a deixou incrédula. Havia arranhões nos ombros de Rachel e esses iam até as suas costas. A menina se aproximou de Rachel que esperava uma resposta e deslizou a mão pelos arranhões. Rachel ficou pálida e gélida.
- Quer dizer que você já foi até para a cama com essa vadia? – Mischa tentava segurar as lágrimas, mas foi em vão.
Rachel ficou sem folego e não conseguia se quer abrir a boca para responder algo. Agora sim tudo estava de cabeça para baixo. Como Mischa poderia acreditar no seu amor se ela tinha marcas de outra garota no corpo. Blair até então apenas observava a cena, logo, essa se levantou e foi até Rachel verificar as marcas em seus ombros.
- Eu não fiz nada disso. – Blair fitou Misch pela primeira vez. – Essas marcas não são minhas, pode ficar contente. E sobre eu ser uma vadia, acho que estamos juntas nessa não é mesmo? Afinal, você também destruiu um pouco dela.
Mischa ouvira as palavras de Blair como se estivesse pisando em cacos de vidro. Ela estava certa, não sobre as marcas, mas sobre a sua atual condição. Ela e Blair haviam cometido o mesmo “erro”, independentemente das razões que as levaram a isso, elas eram iguais.
- Me perdoe, não quis ser grosseira. – disse Mischa fitando a garota de olhos azuis.
- Não me deve desculpas, e se quer saber, se essas marcas fossem minhas eu admitiria. – Blair agora fitava Rachel. – E quanto a você, vá para casa.
- Não posso ir para casa, eu preciso resolver toda essa situação. – Rachel bagunçava os cabelos. – Eu não quero perder ninguém, mas eu não sei o que fazer.
- Eu sei. – Blair fitava-a sem nenhuma expressão. – Por isso estou te mandando ir para casa. Aqui estão as chaves. – a menina entregou lhe as chaves e deslizou a mão pelo seu rosto. Mischa fitava a cena sem dizer nada.
- O que você vai fazer? – Rachel a fitava com os olhos lagrimejados.
- Vou cuidar de você. – sussurrou Blair no ouvido da menina. – Agora vá! Por favor. 

Rachel estava confusa e não conseguia entender o que se passava na cabeça de Blair. Por outro lado, ela estava em maus lençóis. A menina saiu a caminhar com a cabeça baixa. Estava envergonhada. Onde ela estava com a cabeça? Porque Mischa ficou tão irritada se ela havia terminado tudo? Rachel tentava entender o que realmente estava acontecendo. Não havia respostas.
- Porque você a mandou para casa? – perguntou Mischa fitando a menina.
- Rachel não saberia lidar com essa situação. – Blair respirou fundo. – Quer conversar? Talvez você devesse.
Mischa fitou a menina e não conseguia acreditar nas palavras que saiam da sua boca. Porém, ela precisava desabafar com alguém. Havia um turbilhão de pensamentos em sua mente e ela tinha vontade de chorar o tempo todo. Podia parecer surreal, mas havia certa sinceridade nos olhos de Blair, isso a deixou surpresa.
- Ok. – respondeu Mischa se sentando no lugar que antes era ocupado por Rachel.
- Diga me, porque terminou com Rachel? – Blair fitava a menina enquanto voltava a comer seu prato.
- É muito complexo. – Mischa suspirou e fitou a rua. – A Rachel é uma garota incrível, mas seria tão complicado desafiar toda a minha família para ficar com ela, e veja só, ela já esta dormindo com outra pessoa. Não sei se valeria apena causar uma guerra com a minha família por causa dela.
- Mas ela te ama. – disse Blair fitando seu prato e cortando um pedaço de peixe.
- Porque está dizendo isso? – Mischa a fitou incrédula.
- Porque é a verdade. – Blair agora fitava a menina. – Rachel é um tornado. Ela não consegue ser racional quando há sentimentos envolvidos. Ela tem um vazio muito grande dentro de si e busca completa-lo com pessoas, álcool e sexo. Porém, no final disso tudo ela precisa ter alguém para lhe estender a mão.
- Mas eu não posso aguentar isso. – Mischa revirava os olhos. – Se ela quer ter uma história comigo ela precisa mudar, ela precisa se controlar. E quando eu a vi desafiando minha avó na sala, eu percebi que ela sempre será assim. Impulsiva.
- Você tem razão sobre isso, é só que ela precisa de alguém. Alguém como você. – Blair a fitava, seus olhos demonstravam uma profundidade tremenda.
- Alguém como eu? O que está dizendo? Porque está fazendo isso? Você não a ama? – Mischa estava agitada.
- Sim, eu amo. Sempre amei e assim sempre será, mas eu não posso ficar com ela. Nunca pude. – Blair fitava a rua a sua frente.
- O que está dizendo? – Mischa a fitou.
- Rachel foi a única pessoa que me fez conseguir sorrir em meio a um turbilhão de dores. Ela cuidou de mim como ninguém havia feito, mesmo sem saber de nada, ela cometeu seus erros, mas nunca deixou de estar presente e me deixar segura. – Blair tinha lágrimas nos olhos.
- Se você realmente a ama e sente tudo isso por ela, porque desistiu de continuar a história de vocês? – Mischa olhava com compaixão para a menina.
- Nossa história jamais teria um final feliz. – uma lágrima escorreu do rosto da menina. – E Rachel, ela precisa de um final feliz. Ela precisa encontrar um amor saudável e não um amor suicida. 

- E porque não você? – Mischa a fitou.
- Quer mesmo sabe? – Blair secou as lágrimas e a fitou.
Mischa fez um sinal positivo com a cabeça e continuou a fitar a menina de cabelos castanhos. Blair tinha uma expressão calma e serena no rosto, mas seus olhos denunciavam plena tristeza. O que havia por tras dos sorrisos debochados e de toda a supremacia daquela garota. Mischa não conseguia entender tudo o que acontecera nos últimos dias, mas estar sentada a frente de Blair prestes a ouvir sobre seus mistérios, era a coisa mais bizarra que poderia acontecer. Porém, ela não se sentia incomodada, ela olhava para Blair como se quisesse entende-la e aliviar toda a sua angustia. Blair apenas sorria.
- Não serei melodramática ou poética, mas a verdade é que eu tenho leucemia desde os sete anos. Meus pais me levaram nos melhores médicos do mundo para me curar, mas foi em vão. Havia tanto sofrimento naquela casa que minha mãe cometeu suicídio na madrugada do meu aniversário de 12 anos e meu pai enlouqueceu logo em seguida. Ele abandonou os negócios, a sanidade e a mim. Meus avós não tinham condições de cuidar de mim, por isso me mandaram para o West Dynamik.
- E porque não contou isso a ninguém? – Mischa tentava controlar a fala, mas suas mãos tremiam.
- Não queria ter olhares de pena ou suicídios perto de mim. – Blair tinha o olhar frio e serio. – Eu queria que as pessoas vissem que eu era uma pessoa segura e que não precisava de ninguém. Afinal, eu não tinha ninguém. Até ela aparecer. Mesmo sem asas, ela era o meu anjo protetor.
- Rachel?
- Sim.
- Porque nunca contou a ela?
- Ela me amava demais. Estava louca por mim. Se eu dissesse tudo o que se passava ela não aguentaria. – seus olhos voltaram a ficar lagrimejados - Iria enlouquecer como o meu pai e quem sabe se matar como a minha mãe. Eu não podia ver a pessoa que eu mais amava no mundo se definhar.
- Por isso foi embora?
- Sim. Era mais fácil ter o seu ódio do que seu sangue em minhas mãos.
- Porque resolveu me contar sobre isso? – Mischa tentava manter a calma em sua voz, mas sua vontade era de deixar as lágrimas escorrerem.
- Porque eu quero que você cuide dela. – Blair a fitou. – Não estou pedindo para reatarem ou você criar a terceira guerra mundial com a sua família, estou apenas pedindo que me prometa que quando tudo isso acabar você estará por perto dela.
- Quer que eu faça uma promessa? – Mischa fitava os olhos da menina.
- Sim. Apenas prometa isso, e eu poderei dormir em paz.
- Eu prometo, Blair. – respondeu Mischa fitando-a e botando sua mão esquerda sob a dela. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Capítulo XIV


Rachel foi para a praça da cidade e se sentou em um banco próximo a uma fonte. Ela já havia estado ali uma vez com Blair. O lugar era aconchegante e belíssimo. Porém, as palavras ditas por Mischa martelavam em sua cabeça e a menina tentava entender o que era aquilo. Havia algo errado ela tinha certeza disso. Mas porque Mischa não podia enfrentar a sua família? Afinal, eles nunca se importaram com ela de verdade. Os pensamentos de Rachel estavam confusos e havia uma pequena fúria dentro de si. A garota não queria voltar para casa e mostrar para Blair que ela era uma fracassada. Portanto, Rachel se levantou e começou a percorrer as estreitas ruas gélidas da cidade. Havia poucas pessoas na rua, uma nevasca deveria estar por vir. Quando a garota avistou um bar adentrou-o.
No bar havia alguns homens jogando cartas e bilhar, além das garçonetes que os serviam e preparavam drinks. Rachel foi diretamente ao balcão e ficou a fitar o lugar. Era agradável. Havia pôsteres de diversas bandas indies e celebridades do cinema. Sem falar na lareira ao centro do bar que aquecia o lugar.
- O que vai querer? – perguntou uma voz feminina.
Rachel se virou e fitou a garota. A menina tinha cabelos castanhos levemente ondulados na altura dos ombros, um sorriso tentador e um olhar penetrante.
- Vou querer uma garrafa de vodka. – respondeu Rachel a fitando.
- Comemorando algo? – perguntou a menina sorrindo enquanto pegava a garrafa em uma prateleira junto com copo e gelo.
- Comemorando mais um fim de relacionamento. – Rachel deu um gole na bebida e deu um sorriso torto.
- Quer falar sobre isso? – a menina se debruçou no balcão e Rachel pode perceber que a regata branca que ela usava deixava seus seios mais volumosos e não pode deixar de olhar.
- Na verdade, não. Quero esquecer isso, nem que seja por alguns minutos. – o sorriso se esvaiu do rosto de Rachel.
- Como quiser, se precisar de algo é só me chamar! – a menina sorriu e se virou para atender um novo cliente.
Rachel ficou a se deliciar com o álcool que aquecia sua garganta, mas seu coração ainda estava gelado e em pedaços. A menina pensou em voltar na casa de Mischa e pedir novas respostas. Ela estaria disposta a ignorar tudo o que houvera. Porém, ela não conseguia esquecer os olhos azuis cheios de mentiras de Mischa. Logo, a garrafa estava pela metade e Rachel já não conseguia pensar em seu sofrimento. Os efeitos do álcool de fato são uma maravilha.
- Ei. – disse Rachel quando a garçonete passava pelo balcão.
- Em que posso ajudar? – perguntou a menina sorrindo. Seus olhos expressavam uma tentação inexplicável.
- Qual o seu nome? – Rachel a fitava nos olhos.
- Amanda.
- Quer ser minha essa noite, Amanda? – Rachel a fitou. Seus olhos verdes brilhavam e isso os deixava ainda mais sedutores.
- Desculpe-me, mas eu só saio daqui as 22:00. E eu não quero ser um arrependimento seu amanhã de manhã. – a menina fitava Rachel.
- Você jamais seria um arrependimento na minha vida. – Rachel mexia em uma mecha de cabelo da garota.
- Não diga besteiras! – as bochechas da menina coraram.
- Apenas uma noite. Prometo que não vai se arrepender. – Rachel deslizou seu polegar pelo rosto da menina.
- Você venceu. Mas só por essa noite! – a menina sorriu e deu um selinho em Rachel.
Rachel passou o resto da tarde flertando com Amanda e a garota retribuía com sorrisos e beijos rápidos. Para Rachel ela era tão angelical e demoníaca ao mesmo tempo isso lhe fazia arrepiar. Seus pensamentos estavam desnorteados, o álcool havia subido para o seu consciente e nada mais importava. A noite havia caído.
- Vamos? – perguntou Amanda enquanto saia de trás do balcão. A menina vestia um jeans vermelho, uma regata branca e uma jaqueta de couro.
- Para onde você quiser. – Rachel respondeu com um sorriso malicioso e pegou a menina pela mão.
- Eu gosto disso. – a menina sorria enquanto saiam do bar.
Rachel acenou para o primeiro táxi que passou e logo, entrou nele com Amanda. No banco traseiro as duas meninas tentavam se controlar, mas Rachel não hesitava em acariciar as coxas de Amanda. A garota, no entanto, apenas sorria maliciosamente. Rachel estava bêbada, mas isso não importava, não para Amanda.
- Chegamos! – disse a garota ao saírem do taxi.
As duas garotas estavam frente a um pequeno prédio, logo, entraram e foram em direção ao apartamento de Amanda. Quando a menina abriu a porta, Rachel percebeu que o lugar era muito simples e bagunçado, mas parecia um grande palco para uma noite fantástica.
- Quer beber algo? – perguntou Amanda enquanto trancava a porta.
- Talvez. – Rachel riu. - Olha... – pausou por alguns segundos antes de continuar. – Quer saber, deixa pra lá. – Rachel levou uma mão a nuca de Amanda e a puxou para um beijo.O beijo era erótico, elas se beijavam intensamente. Amanda percorria o corpo de Rachel com suas mãos e a arranhava deixando-lhe marcas.
Rachel sem perder tempo deitou a garota no sofá e jogou seu corpo sob a garota que não hesitou em beijar seu pescoço. Rachel se levantou e ficou a fitar a garota. Ela era incrivelmente bonita e seu corpo estava quente. Rachel estava perdendo o controle.
Amanda tirou sua blusa e sorriu para Rachel, que Rachel parecia hipnotizada, seus olhos estavam fixos em seu corpo. Amanda riu pela forma como Rachel a olhava, isso a fez sair do transe em que se encontrava. Rachel novamente se inclinou sobre o corpo da menina, Amanda, no entanto, mordia o queixo de Rachel e escorregava seus lábios até o pescoço da amante e suas mãos arranhavam-lhe as costas. Rachel desceu seu corpo e levou seus lábios até o colo da garota beijando por ali até onde seu decote permitia. Não demorou muito e Rachel tirou o sutiã de Amanda, os seios da menina eram fartos e tentadores. Rachel deslizou sua língua até um dos seios da menina e acariciou o outro com sua mão livre. Amanda tinha a respiração descompassada e apertava as coxas de Rachel.  Rachel a olhou e viu que ela mordia os lábios, então sorriu. O cheiro de álcool e sexo estava por todo canto. Havia um desejo carnal descompensado. Rachel desceu ainda mais o seu corpo e tirou o jeans da menina, em seguida levou sua mão até a calcinha preta que a menina vestia. Estava ensopada. Rachel sorriu maliciosamente e a fitou.
- Você é incrível. – Rachel sussurrou enquanto beijava-lhe o pescoço.
- Não diga nada, apenas me faça sua! – Amanda a puxou pela nuca e as duas se consumiram em um beijo intenso.
Rachel tinha um sorriso safado e logo, a penetrou com dois dedos. Amanda não conteve seus gemidos. Seu sexo estava quente, molhado e clamava por Rachel. Após iniciar um movimento de vai e vem, Rachel aumentou a velocidade. Amanda, no entanto, rebolava em seus dedos e clamava por mais. A menina estava delirando. E Rachel sorria maliciosamente. Após alguns minutos Rachel se encaixou entre as pernas da menina e seus lábios foram em direção ao sexo de Amanda. A menina percorreu todo o sexo da amante com a língua enquanto ouvia-a gritar pelo seu nome acompanhado de alguns palavrões. Rachel escorregava sua língua pelo clitóris da garota e ela lhe arranhava os ombros. Rachel a penetrou novamente com dois dedos e rapidamente Amanda chegou ao clímax. Rachel agora tinha o gosto de Amanda em seus lábios.
Ao terminar Rachel subiu seu corpo e lhe deu um beijo no rosto. Amanda ainda estava ofegante e fitou a menina com um sorriso bobo no rosto.
- Eu vou querer repetir isso por mais algumas vezes. – o sorriso agora era malicioso.
- Como quiser. – Rachel respondeu dando de ombros e sorrindo.
Em seguida deitou ao seu lado e sentiu Amanda envolvendo-a em seus braços. Não demorou muito e a menina adormecera. Rachel, no entanto, ficou a fitar o teto até que o sonho viesse.  

domingo, 2 de dezembro de 2012

Capítulo XIII


O dia amanheceu e Rachel acordou com os raios de sol que entravam pela janela batendo em seu rosto. Quando abriu os olhos percebeu que Blair estava deitada sobre seu braço. Rachel a fitou e viu que a menina dormia bem, para se levantar buscou fazer o menor número de movimentos para que Blair não despertasse. Logo, Rachel havia terminado seu banho e fitava-se no espelho.
- Boa sorte! – disse para o seu reflexo. – Garanto que vamos precisar.
A menina vestiu um jeans e uma camiseta de sua banda indie favorita. Rachel sabia que não era o melhor traje para ir visitar a doce e adorável avó de Mischa, mas ela não sabia o que vestir. Quando foi para a cozinha a menina resolveu preparar o café e algumas torradas. Enquanto pegava o pó de café no armário sob a pia esbarrou em alguns fracos e esses caíram. Os frascos eram coloridos e tinha muitas capsulas dentro. Rachel os pegou do chão e os guardou onde eles estavam. A menina não teve curiosidade de ler seus rótulos, supôs que eram apenas vitaminas.
Rachel serviu café em uma xícara para si mesma e foi até a janela da sala. O lugar tinha uma vista linda para os canais que cortavam a cidade. Rachel sentiu um sentimento nostálgico percorrer o seu corpo, ela tentou evitar, mas depois cedeu. A garota já não lutava contra suas lembranças, agora elas eram aceitas com carinho. Após terminar o café a menina foi até o quarto conferir se tudo estava bem com Blair e saiu.
O vento estava frio na rua o que fez Rachel se arrepender de não ter pegado um casaco. A menina decidiu ir caminhando até o endereço que Mischa havia lhe passado. Enquanto caminhava Rachel decidiu manter sua mente limpa e tranquila. Não havia o que ficar pensando, de agora em diante as coisas seriam como são, tudo de acordo com seus acontecimentos. Nada de planos, nada de expectativas. Rachel havia deixado a vida lhe surpreender.
- Deve ser aqui. – disse a si mesma quando parou diante uma casa estonteante. A casa tinha cercas neoclássicas e um jardim inglês imenso a sua frente.
Rachel respirou fundo e deu um sorriso irônico. As coisas não seriam nada fáceis. Logo, a menina encontrou o interfone e o tocou. Seu coração parecia saltar pela boca enquanto ele chamava.
- Mansão Paparatti, quem ostaria? – perguntou uma voz quase robótica.
- Senhorita Groffrean vim da Dinamarca, sou amiga da senhorita Mischa. – Rachel disse da forma mais formal que poderia imaginar.
Após alguns minutos o portão se abriu e Rachel começou a atravessar o imenso jardim, ela tinha que admitir que ele era realmente muito belo. Quando chegou a porta tocou a campainha e um mordomo logo a atendeu.
- Entre, por favor! – Rachel reconheceu a voz robótica do interfone, era ele.
Rachel entrou na sala que tinha uma decoração neoclássica com diversas obras de arte pelas paredes e esculturas em todos os cantos. O pé direito duplo dava um ar de grandeza e soberba ao ambiente. Porém, Rachel não se impressionou. Era como se estivesse na casa de sua avó ou tias avós.
- Olá querida. – disse uma voz fina e prepotente ao mesmo tempo.
- Olá. – respondeu Rachel se virando e fitando uma senhora com a pele branca feito a neve, cabelos grisalhos bem penteados e joias no pescoço. – Sou amiga de Mischa, queria falar com ela.
- Porque a pressa? – a mulher fitava Rachel, principalmente seus velhos tênis vermelhos.
- Não há pressa. Ela apenas pediu para que eu viesse visita-la quando pudesse. – Rachel tentou sorrir.
- Vocês estudavam no mesmo colégio? – perguntou a mulher enquanto se sentava no sofá e fazia um gesto convidativo para que Rachel fizesse o mesmo.
- Sim. – respondeu Rachel se sentando no sofá. – Dividíamos o mesmo quarto.
- Então era você? – a expressão no rosto da avó de Mischa agora era de desgosto e até mesmo nojo. – Como não percebi isso antes?
- Como assim? – Rachel ergueu uma das sobrancelhas.
- Eu vi o estado do “apartamento” em que vocês moravam e Mischa ainda me disse que você costuma não passar as noites em casa. Não quero minha neta com pessoas irresponsáveis como você. – a senhora fitava Rachel com seus profundos olhos azuis, iguais aos de Mischa.
- Ela disse isso? – Rachel perguntou. – Digo, isso não é verdade. Quero dizer, há muitas coisas que você desconhece sobre mim. – Rachel tentou manter o tom de voz calmo.
- E o que eu deveria saber sobre você, querida? – perguntou irônica.
- Eu sou namorada da sua neta. – Rachel a fitou com um sorriso malicioso.
Rachel não estava disposta a agradar aquela mulher. Ela queria apenas ter Mischa em seus braços e tira-la daquele lugar. Após proferir tais palavras à garota esperava por uma sequencia de gritos e ofensas, ela estava preparada para isso, afinal, não seria a primeira vez.
- Porque está me dizendo isso? – perguntou a senhora sem alterar o tom de voz.
- Porque é a verdade. – Rachel tinha o tom de voz elevado.
- Não acredito nisso, querida. – a senhora tinha um sorriso no rosto. – Minha neta é namorada de Matt Donaver, um príncipe. Ela jamais o trocaria por uma garota, ainda mais por você.
- Pois acredite, ela trocou. – Rachel a fitava com raiva nos olhos, porém, mantinha um sorriso irônico nos lábios.
- Não perca seu tempo com histórias tolas.
- Se chama de história tola o fato de sua neta estar apaixonada por mim e me deixar uma carta pedindo para salva-la de você, talvez isso seja uma história tola. – Rachel a fitou nos olhos.
- Cale-se agora! – pela primeira vez o tom de voz da mulher havia se elevado.
- Chame Mischa aqui se duvida tanto de mim. Chame-a e vai ouvir da boca dela o quanto ela está apaixonada por mim. – Rachel a desafiou.
Gasparina a fitou por alguns segundos. Ela não podia aceitar tamanha audácia e pior, não podia deixar que aquela garota difamasse sua neta ali na sua frente. Logo, a mulher pediu para Charles chamar Mischa até a sala, porém, fez restrições sobre o que se tratava.
- O que foi vovó? – perguntou Mischa descendo as escadas. A menina vestia um vestido verde oliva e um casaco na cor salmão. Estava linda. – Rachel? – gritou a menina eufórica ao ver a menina para no meio da sala.
- Assista ao espetáculo. – sussurrou Rachel para Gasparina.
- O que faz aqui? – perguntou Mischa disfarçando enquanto abraçava Rachel.
- Não precisa fingir querida, eu contei tudo a sua avó. – Rachel sorria.
- Tudo o que? – a menina a fitou com os olhos arregalados.
- Essa garota diz ser sua namorada. – respondeu a avó fitando-a.
Mischa teve os olhos petrificados ao ouvir isso. Suas mãos começar a tremer e suas bochechas nunca estiveram tão vermelhas. A menina fitou Rachel e essa tinha um sorriso glorioso no rosto, quando se virou para sua avó via um olhar cruel, frio e de reprovação.
- Diga-me algo sobre isso. – falou Gasparina fitando-a.
- Vovó, se acalme. – Mischa tinha a voz falha.
- Conte a verdade, Misch. – disse Rachel se aproximando e colocando a mão na cintura da menina.
- Eu não sei do que você está falando. – disse Mischa se afastando de Rachel.
- Como assim? – Rachel a fitou. A menina acreditou que seria algum disfarce para enganar a avó. – Não precisa mentir, minha pequena. Acredite em mim.
- Não fale com tamanha intimidade comigo. Nós apenas dividíamos o mesmo quarto naquele colégio horrível. Eu nunca quis nada com você. – Mischa fitava a menina. – Olhe para você, acha mesmo que eu ia querer algo sério com “a garota problema”?
- Misch, diga-me que isso é apenas uma encenação. – Rachel engoliu em seco. – Não precisamos mentir. Está na hora de você enfrentar a sua família.
- Não me peça para fazer isso. – havia tristeza nos olhos da menina enquanto fitava Rachel. – Eu nunca quis te magoar, mas as coisas são diferentes agora. Você não pode chegar aqui e falar todas essas coisas como se elas não provocassem nenhum efeito.
- Misch, não estou te entendendo. Porque me deixou aquele bilhete? Porque me fez todas aquelas promessas? O que essa mulher fez com você? – Rachel fitou a avó de Mischa com ódio nos olhos.
- Se acalme, Rachel. – Mischa respirou fundo enquanto olhava para a avó que permanecia em silêncio apenas fitando a cena. – Sei que você tinha outros planos, mas eu não posso.
- Não pode ou não quer? – Rachel fitou-a. – Eu devia ter imaginado que você jamais enfrentaria a sua família para ficar comigo. Aliás, quem sou eu além da garota problema não é mesmo? – Rachel tinha lágrimas nos olhos. – Eu sabia que essa visita não seria fácil, imaginei que teríamos sim uma discussão, mas em momento algum imaginei que essa discussão seria com você e que você não estaria ao meu lado.
- Rachel...- Mischa tentou falar mas sua voz falhou.
- Eu vou te dar uma última chance. Diga-me de uma vez por toda. Todas as palavras que você acabou de proferir foram verdadeiras? Sim ou não. Apenas isso. – Rachel a fitou no olhos.
- Responda Mischa. – falou Gasparina se intervindo pela primeira vez.
- Eu não posso ficar com você, Rachel. Eu percebi que tudo aquilo não se passava de um sonho, a realidade aqui fora é diferente. Sobre as palavras duras que eu disse, esqueça-as. Eu estou nervosa. Mas sobre nós, guarde apenas as suas boas lembranças porque eu não posso continuar. Eu sinto muito. – uma lágrima escorreu pelo rosto de Mischa.
- O que quer dizer com isso Mischa? – perguntou a avó ao perceber que a neta de fato tinha um sentimento por Rachel.
- Vovó, não torne isso mais difícil. – Mischa a fitou enquanto chorava. – Rachel é uma garota incrível, ela precisa saber que nem tudo foi mentira. Eu te amo Rachel. – Mischa a fitou e ignorou a presença da avó. – Mas eu não posso ficar com você.
- Se não podia ficar comigo porque me deixou aquela droga de bilhete? – Rachel tinha fúria nos olhos.
- Eu estava desesperada. – lágrimas escorriam pelo seu rosto. – Mas agora eu estou com os pés no chão e consigo enxergar a realidade. Eu não vou mais voltar para o colégio, meus pais estão voltando para cá, e quem sabe eles até possam se reconciliar.
- Eu não posso acreditar no que estou ouvindo. – Rachel a fitou. – Onde está aquela garota pela qual eu me apaixonei? Você me disse tantas coisas, fez tantos planos comigo e agora está jogando tudo fora por nada?
- Não estou jogando tudo fora por nada, Rachel. – a menina deslizou o polegar pelo rosto de Rachel. – É a minha família, eu não posso fazer isso. Não consigo fazer o que você fez, me perdoe por isso. Eu te amo, eu juro. Tudo parecia tão fácil enquanto estávamos no colégio e tínhamos apenas aquele nosso pequeno mundo, agora no mundo real tudo seria muito difícil.
- Eu não quero mais ouvir nada de você. – Rachel a fitou. – Eu realmente me enganei sobre você. Você quis ficar comigo porque era uma garota carente e traída pelo namorado, apenas isso. Você achava lindo ficar comigo desde que ninguém soubesse não é isso? Nós poderíamos continuar juntas se eu não tivesse falado tudo para a sua avó não é mesmo? Fingiríamos ser amigas e felizes não é?
- Eu não imaginava que você iria chegar aqui e contar tudo, não era para ser assim. – Mischa a fitou chorando.
- Você jamais enfrentaria a sua família para ficar comigo, essa é a verdade. – Rachel a fitou e proferiu suas ultimas palavras.
Logo, Rachel virou as costas e foi em direção a saída. Ouviu Gasparina e a própria Mischa proferir algumas palavras, mas ignorou. Ela iria embora daquele lugar, mas um pedaço de seu coração estava jogado naquele chão.